Links úteis


(por Clebison Nascimento dos Santos*)

A ausência de climatização adequada em espaços museológicos acelera os processos de degradação de acervo, pois o clima subtropical de inverno seco (Cwa Köppen-Geiger) da cidade de São Paulo apresenta características desfavoráveis a muitos tipos de suporte. A variação de temperatura durante os meses do ano, com grande amplitude térmica (a cidade já registrou máxima recorde de 37,8ºC e mínima de -2,1ºC), causa dilatação e contração dos objetos.

São Paulo também apresenta grande índice de precipitação pluviométrica ao longo do ano (251,3 mm em janeiro, o mês mais úmido, e 36,2 mm em agosto, o mais seco). Dessa forma, a umidade relativa do ar é alta durante a maior parte no ano, mas com grande variação ao longo do dia. Essa variação também tende a causar dilatação e contração dos objetos, principalmente em materiais higroscópicos.

A movimentação mecânica ocasionada pela dilatação e contração dos suportes, tais como madeira, papel, metais e telas, provoca variações volumétricas e dimensionais, causando ondulações, deformações, fissuras, rachaduras e formação de craquelês em camada pictórica. Altos índices de umidade relativa também aceleram reações químicas nos suportes, como a oxidação de tinta ferrogálica e o surgimento de manchas de foxing, assim como facilitam a biodeterioração, com a proliferação de fungos e micro-organismos.

Quando o Museu Histórico recebeu seu projeto de restauro, entre 2008-2009, ocorreu a instalação de aparelhos de ar-condicionado do tipo split, para proporcionar conforto térmico humano. A Conservação Preventiva adaptou e normatizou a utilização desses aparelhos visando à preservação do acervo. Um rigoroso controle de temperatura e de umidade relativa é realizado 24 horas por dia, por meio de leituras com data logger, sem que haja desligamento dos aparelhos de refrigeração.

O uso constante dos aparelhos de ar-condicionado também exige que se dê grande atenção à sua manutenção, para que não ocorram vazamentos nem condensação na tubulação. A Faculdade de Medicina da USP conta com equipe terceirizada para essa manutenção preventiva, que também realiza a limpeza periódica dos filtros dos aparelhos de ar-condicionado, evitando o lançamento de particulados no interior do espaço museal e sobre o acervo. O Museu não possui desumidificador, porém as paredes espessas do prédio facilitam o controle da umidade relativa, permitindo que permaneça estável e em níveis satisfatórios durante a maior parte do ano.

O controle climático e a manutenção preventiva dos aparelhos de ar-condicionado continuam sendo executados durante este período em que o Museu Histórico encontra-se fechado.

*Clebison Nascimento dos Santos é biólogo (UNIP), com especialização em Conservação Preventiva (SENAI).